Lucas 6,36-38
“Sede
misericordiosos como vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis
julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.
Dai e vos será dado. Uma medida boa, socada, sacudida e transbordante será
colocada na dobra da vossa veste, pois a medida que usardes para os outros,
servirá também para vós.”
Entendendo
“PERDOAI E SEREIS
PERDOADOS!”
O maior objetivo nosso, cristão, é o de “ser santo
como o Pai do céu é santo”. Um dos pré-requisitos para alcançar a santidade de
Deus é que sejamos misericordiosos.
Conforme o evangelho de hoje, para isso é
necessário tomar as iniciativas na relação com nosso semelhante – ser aquele
que perdoa primeiro; que oferece ajuda quando o outro necessita; ser justo nas
relações e buscar o autocontrole dos impulsos, evitando julgar e difamar o
próximo.
Nessa busca, nem sempre encontramos acolhida e,
pior que isso, podemos sofrer consequências que nos levam às mágoas,
ressentimentos e até ódio (grau mais avançado do desamor). É ai que entra uma
exigência desafiadora no nosso ser cristão – perdoar aqueles que nos ofenderam.
O acento dado por Jesus nos leva a afirmar que nossa vida é decidida na
caridade e na capacidade de perdoar. Não é fácil!
A ordem de Jesus – "Perdoai,
e sereis perdoados!" – não expressa reciprocidade do perdão no nível
puramente humano, como se Ele dissesse: na medida em quem vocês perdoarem o
próximo, serão perdoados por ele. Ao contrário, o perdão oferecido ao próximo
tem, como contrapartida, o perdão recebido de Deus.
Atualizando
“ACEITEI MEU MARIDO APÓS UMA TRAIÇÃO,
MAS AINDA NÃO CONSEGUI PERDOAR, COMO É DIFÍCIL!
Fui traída e humilhada pelo meu
marido, chutei-o para fora de casa, mas acabei aceitando-o de volta. O problema
é que realmente perdoar não é apenas aceitar, e eu não estou conseguindo! Vou
contar a minha história para que vocês entendam melhor o que estou passando:
Sou casada há quase seis anos
e me sentia uma mulher realizada em
todos os sentidos, meu marido sempre fez todas as minhas vontades – um marido
perfeito.
Tínhamos um casal de amigos em
comum, mas eles se separaram por ele ter traído ela com uma garota de apenas de
17 anos de idade.
Depois da separação ele a assumiu
como mulher dele e a colocou nas nossas vidas. No início houve certa rejeição,
mas com o tempo começamos a aceitá-la. Ela vinha demonstrando mudanças em seu
comportamento. Dava para chamá-la de boa esposa, mas meu marido nunca a viu com
bons olhos.
Há dois meses, descobri que eles
tiveram um envolvimento (meu marido com essa garota de 17 anos que mora com
nosso amigo). Foi como se uma bomba tivesse explodido no meu colo. Procurei
saber da boca dele o que realmente tinha acontecido, então ele me falou que há
algum tempo já vinha conversando com ela pelo msn e que ela sempre o chamava
pra sair, que o cercava de todos os lados! Até que um dia ele não resistiu e
teve relação com ela.
Ele me contou estar
arrependido, disse que me amava muito e que nada havia mudando
pelo que sentia por mim.
Eu fiquei em choque naquele
momento, mas depois coloquei toda aquela raiva pra fora e falei muitas coisas
pra ele. Ele chorava muito, dizia que nada daquilo tinha valido a pena. Demos
um tempo em nossa relação. Pedi pra ele passar uns dias fora. Corri o risco de
levar até um processo, pois não resisti e bati na vagabunda.
Hoje, faz 15 dias que eu resolvi
aceitar ele de volta em casa, mas está sendo muito difícil… Ainda o amo muito, mas não estou
conseguindo conviver com o fantasma de outra nova possível traição. Sempre
que olho pra ele me vem na cabeça a sacanagem que ele fez comigo. Ele não tinha
o direito de me submeter a isso!
Perdoei ou será que não?! Não sei,
no momento só tenho raiva, ressentimento, choro todos os dias, por meu coração
pedir para perdoar e minha cabeça pedir para mandar ele embora de novo.
Perdoar não é
simplesmente aceitar, e eu consegui apenas aceitar. Ajudem-me, por favor!
Fonte: portal.namoroonline.com
Este fato exposto na internet pode servir de
referência para muitas situações semelhantes que acontecem no dia-a-dia da vida
dos casais. Reflito aqui tal situação, claro, sobre o ponto de vista cristão.
Como é difícil para o homem libertar-se de uma
convicção machista, imposta pela cultura ocidental ao longo de séculos, da uma
superioridade em relação à mulher. Ainda que tenhamos evoluído bastante nas
últimas décadas, vez por outra, e até de forma inconsciente, prevalece a
soberania masculina.
Refletindo a traição acima, façamos uma inversão.
Digamos que, ao invés do marido, a mulher tenha ficado com o amigo do casal.
Será que a reação do homem traído seria a mesma? Ele aceitaria de volta essa
mulher? Seria difícil.
Vamos ao foco principal que é o perdão. O perdão não
deve ser dado “gratuitamente”, ou seja, “tudo bem, te perdoo, a vida continua,
vida que segue...” O fato de “passar a mão pela cabeça” e tratar um golpe tão
forte sem dar o devido valor, endurecendo mesmo, para que o traidor sinta o
estrago que provocou, pode abrir um precedente perigoso para novas traições e a
desvalorização do casamento e do relacionamento entre duas pessoas que se amam.
Como é difícil perdoar nestes casos! Ainda mais se
levarmos em consideração que o “perdão cristão” deve ser “de coração”. Esquecer
uma ingratidão é difícil, mas o “perdão de coração” não deixa mal estar e
ressentimentos acumulados ao lembrar do ato já perdoado. O “perdão de coração”
não deixa que a vítima relembre do acontecido e, a cada momento, “passe na
cara” do traidor. Caso isso aconteça, o perdão ainda não foi dado de coração.
Para que o “perdão de coração” aconteça é necessário
tempo e dependência de Deus. Somos movidos pelo instinto humano da vingança,
quando somos passados pra trás. A fé no Deus da justiça que age, perdoa e
recupera é nossa esperança maior nestes casos. Para isso, a busca humilde
através da oração é o caminho.
Falei do perdão, e a continuidade da convivência? E
o rejuntamento dos cacos? Primeiro é necessário olhar pra trás e ver como era
esse marido antes. Pelo que ela declara, tratava-se de um homem bom, excelente
companheiro, presente e amoroso na vida a dois. É necessário analisar, também,
como o traidor reagiu ao cair em si; quais as promessas sinceras de superação a
partir daquele momento...
Após a tempestade, desabafos, diálogos sinceros,
“perdão de coração” é hora de fortalecer e renovar o casamento, buscando novas
maneiras de tornar a convivência mais prazerosa. Quando existe amor, o amor
ágape – da entrega, da doação, da cumplicidade mútua..., a crise vem como uma
contribuição para o crescimento da relação, ainda mais em se tratando desse “algo
divino” chamado FAMÍLIA.
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